Game Of Thrones - Crítica
- Arthur Renan
- 30 de mai. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 9 de jul. de 2019
Vamos lá! Isso vai ser complicado, mas vamos aos fatos...
Se eu recomendaria essa série a alguém? Sim, recomendaria. Game Of Thrones é bom? Sim, mas com ressalvas (rs).

A premissa da série é bem simples, na verdade. Um rei perdeu seu conselheiro e na necessidade de um novo, ela "pede" ao melhor amigo que ocupe esse espaço vago. Simples, não? Não.
Game Of Thrones (GOT) não seria motivo de histeria coletiva se fosse simples. Longe de algo imaginável, esta série brinca com o mundo fantasioso de maneira muito real. As pessoas a assistiam porque queriam ser surpreendidos por mortes inesperadas, mas ela não é sobre isso. O principal da série é: "a vida está nem aí pro seu planejamento".
Pra que essa frase seja respeitadas o criador dessa história, George R. R. Martin, realizou um trabalho de casa com maestria. Em "As Crônicas de Gelo e Fogo", livro que deu origem a série, Martin fez questão da vida ser extremamente realista.
Nem tudo sai conforme seus planos, cada escolha, uma perda; as pessoas podem te apunhalar pelas costas (literalmente), falar demais pode te matar, ter uma rede grande de contatos pode lhe alavancar na vida, mas também pode lhe trazer inimigos e por aí vai. Realmente algo digno de respeito.
Devido a isto, As Crônicas de Gelo e Fogo chamou atenção de muita gente, inclusive da HBO. A HBO comprou a licença da obra, e junto a Martin contratou os produtores (showrunner) David Benioff e D. B. Weiss , mais conhecidos por "D.D", para realização do projeto. Após todos os preparativos, em abril de 2011, estreou na televisão a série mais cultuada dos últimos tempos.
Logo cedo vemos o diferencial da obra. Apesar de inicialmente não chamar muita atenção, seus acontecimentos e reviravoltas ganharam força na mídia. Tornou-se frequente reunir amigos para assistirem um novo episódio. Bares começaram a exibir a série para chamar atenção do público, aumentando a popularidade da obra com reacts das pessoas no YouTube.
Em pouco tempo a série virou algo de ser louvado. Com uma história muito boa, personagens cativantes e direção premium, GOT passou de "uma" série da HBO, para ser "a" série da HBO, tornando-se o carro chefe da emissora. Dados da própria empresa mostravam picos gigantescos de assinaturas durante sua exibição.
Como nem tudo são flores, o público reclamava de como as batalhas eram ruins. Como uma produção tão boa podia ter terríveis embates físicos? Bom, a princípio, a história recebia total atenção. Onde as pessoas estão, como acontecimentos micro afetava o resto do mundo, passagens de tempo; tudo era mostrado. Esses detalhes faziam toda diferença. Durante cinco temporadas esse era o foco.
Lembra do "nem tudo são flores"? Então, George R. R. Martin saiu totalmente da produção e começa a se dedicar nos seus outros projetos (inclusive, no termino de seus livros). Deixando os produtores Benioff e Weiss tomarem suas próprias decisões, sem o embasamento dos livros, já que a obra estava incompleta.
Inicialmente, Martin terminaria a saga "Crônicas de Gelo e Fogo" antes de GOT alcançar os livros lançados, porém isso não aconteceu. Com Martin fora e livros não lançados, os produtores só tinha a informação de como a história terminaria, mas sem saber a trajetória dos personagens para aquele destino. Afinal, nem o próprio Martin sabia.
Daí instaurou-se o caos! O roteiro saiu de detalhista para simplista. A história não movia mais os personagens, mas os personagens moviam a história. Tomadas de decisões duvidosas e personagens cada vez mais burros foram tornando-se frequente. Muitos mistérios sem respostas ou com respostas levianas... ao menos as lutas ficaram legais ¯\_(ツ)_/¯.
Da sexta temporada ao final da série, quase todos os personagens sofreram um queda brusca em seu carisma e/ou relevância ao público. Ressalvas para Arya Stark, no qual a cada episódio era um colírio nos olhos em cena e Sansa Stark, pela mega evolução como pessoa naquela história. Fora isso, só decepção.
A série foi ficando cada vez mais óbvia. Como agora os personagem moviam a história, toda hora alguém tomava uma decisão estúpida para a trama se mover a fim de ter mais acontecimentos. Incongruências começaram a surgir, causando o descontentamento dos fãs. Porém, a essa altura, não havia mais jeito.
Mesmo com esses pontos negativos, você já estava dominado pela série. Toda semana era o mesmo bafáfá sobre ela. Uma pena as duas últimas temporadas terem arrastado a série de vez para lama. Com episódios cada vez mais bem dirigidos e cenas deslumbrantes, a história em si não conseguia trazer o mesmo brilhantismo passado.
Cada vez víamos mais cenas de batalhas épocas, rimas narrativas muito acima da média, efeitos especiais de primeira e enquadramentos lindos. Porém, menos história interessante, burrice além da conta e estratégias sem sentido. Realmente R.R. Martin fez falta nessas últimas temporadas.
A maior facada considerada pelos fãs foi o final da série. Dito como "final agridoce" pelos showrunners, era visível o descontentamento dos próprios com a série. Toda entrevista relacionado à GOT eles pareciam desanimados, saco cheio, de fazer o mesmo trabalho. Com novas propostas de realização, nova franquia Star War, era de se esperar quererem abraçar logo desafios vigentes e largar os antigos.
Game Of Thrones dava trabalho. Eram muitas locações, muitos núcleos a serem trabalhos, muita trama política a ser pensada. Tinha a questão das casas (Targaryens, Starks, Lannisters, etc), implicações financeira e até logística dos personagens. Tudo isso por 10 anos. Não é pra menos tal desgaste mental.
A série tem seu mérito e ele sempre será lembrado. Maior audiência da HBO, ganhadora de vários prêmios (muitos mesmo) e marco na cultura nerd/pop. É pouco ou quer mais? Que tal ser a segunda série mais bem avaliada no IMDb, sendo desbancada recentemente pela série "Chernobyl", também produzida pela HBO.
Chernobyl - 9,6
GOT - 9,4
Game Of Throne é para aqueles que gostam de histórias medievais, de fantasia, tramas políticas, lutas, ações e consequências, e realidade nua e crua. Não recomendo para os mais sensíveis a nudez e violência, mas se gosta de qualquer uma das qualidades citadas, veja sem medo. Garanto a diversão.
Se teremos outra produção como esta, não sei, mas sei do seu valor geral para toda revolução televisiva. E isso, meus amigos, tem de ser aplaudido de pé.
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