top of page

Dark - Crítica

  • Foto do escritor: Arthur Renan
    Arthur Renan
  • 3 de jul. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 8 de jul. de 2020


Não sei vocês, mas eu não entraria aí.

Vai ser extremamente difícil comentar sobre a série sem dar spoilers, MAS não impossível. Dito isto, pode ler sem se preocupar.


Criada por Baran bo Odar e Jantje Friese, Dark chegou em dezembro de 2017 sem muito alarde e com proposta bem diferenciada dos demais. Tudo começa com a produção sendo 100% alemã, se tornando a progenitora desta nação no canal de streaming Netflix.


A história é bem construída e "de boa" no seu entendimento. Diferente do dito à fora, ela não é confusa. Na verdade dá para entender tranquilamente, contudo requer uma atenção minuciosa do público. A série não lhe trata como um idiota e te coloca para raciocinar de verdade.


Muitas coisas não são expositivas, requisitando maior atenção do expectador. Se for para assistir enquanto mexe no celular ou pensa em outra coisa, melhor deixara para outro momento. Ela não só trabalha o áudio (verbalmente) como também o visual. Dizem que "um bom filme é aquele que lhe informa sem falar" (série no caso) .


Sanado essa falácia, vamos para parte dos personagens. Amigo, se tem algo confuso aqui é isso! É muito personagem para uma obra só. Na verdade, estou me equivocando. Não são muitos personagens, e sim muitos momentos de uma mesma linha do tempo. E aí, meu amigos, temos a complicação.

"A questão não é onde, mas quando"

Na primeira temporada é praticamente impossível tecer a árvore genealógica dos personagens. Lidamos com avós, pais e filhos em três tempos diferentes: 2019, 1986 e 1953. Esses mesmos personagens aparecem crianças, adolescentes, adultos e idosos. É uma loucura sem fim.


Isso sim deixa as coisas confusas. Sério mesmo. Há momentos em que dá um nó sinistro na cabeça. Graças a Deus a Internet é muito unida e facilmente consegue-se achar uma colinha cronológica por aí. E acredite, você irá usar.


Não vou mentir, assisti a primeira temporada quase toda com essa cola. E olha que estava super focado em tudo mostrado. Se servir de consolo, a escolha de elenco é impecável e mesmo suas versões joviais/idosas são idênticas.


Ok, talvez eu tenha exagerado, pois para ser idêntico só a própria pessoa envelhecendo ou rejuvenescendo. Entretanto, é nítida a preocupação da produção na semelhança entre os atores.

Boca, nariz, orelha, queixo e olhos, foram o maior foco na procura por atores similares, o resto fica por conta da atuação. Sim, atuação! Mesmo com a diferença pessoal, os atores são muito similares também na interpretação. Como eles conseguiram isso? É uma incógnita, assim como a trama.


A trama de Dark é bastante misteriosa. Antes mencionei ela não ser confusa (e não é mesmo), mas é extremamente enigmático. Até chegar o ponto de começar a entender do que se trata, a temporada acaba. É engraçado reconhecer isso depois de assistir duas temporadas a e ter a mesma sensação ao terminar a segunda...


Apesar da segunda temporada não conter tanto mistério, ela mantém aquele ar sombrio e as reviravoltas são ainda maiores. A seguir uma ligeira sinopse:


 

Primeira temporada:

Crianças estão desaparecendo sem deixar pistas, fazendo os moradores de uma cidadezinha fictícia na Alemanha investigar o assunto. Isso trás à tona situações passadas que implicam diretamente no futuro.

Segunda temporada:

Já a segunda temporada, explora mais ainda a relação entre os personagens. Como as coisas reveladas impactam cada um e as decisões tomadas serem algo do destino imutável.


 

As músicas compostas para série cooperam bastante nessa atmosfera noturna. Ela entra em momentos precisos, tornando a experiência muito mais imersiva. Ela é pesada, densa, lhe causando inquietação ou calafrio por algo posterior. Realmente um primor sonoro.


Já a fotografia compõe uma cor inacreditavelmente viva. Apesar de ser acinzentada e meia sombria você percebe a vivacidade das cores. Diferente de outras obras, ela não economiza em deixar a colorimetria (editor de cores) alta. Mesmo quando mostra ambientes mais áridos ou completo breu, ela está lá nas alturas. E na verdade isso tem dado super certo.


Dark é uma série de acontecimentos ambulantes. Não sei se é por isso, mas todo episódio é bom. Você não encontra episódios de enrolação só para compor a quantidade encomendada de episódios. Em cada um há acontecimentos enriquecedores para trama. A série dá muitas perguntas, mas as responde também (graças à Deus).


Vale ressaltar a contemplação dos momentos. As cenas não contém cortes rápidos e a câmera não se preocupa com o tempo levado para mostrar algo. Ela fica ali, parada, mostrando a mesma coisa por tempo exacerbado, sem se preocupar com nada. Isso lhe dá dimensão de duas coisas:


1 - A série quer que você memorize ou preste mais atenção nos elementos da cena.


2 - Maior envolvimento com o que está sendo mostrado.


Infelizmente as duas temporadas terminam com ganchos absurdos. Isso lhe dá aquela vontade de querer assistir mais devido aos cliffhangers. O cliffhanger nada mais é que "um recurso de roteiro caracterizado pela exposição do personagem a uma situação limite, tal como um dilema ou o confronto com uma revelação surpreendente"ao final da exibição.


Felizmente, desde o início de sua produção, seus criadores estipularam que necessitariam de três temporadas para contar toda a história. Eles souberam como iniciar, como desenvolver e como desejam encerrar. Isso é ótimo, pois realmente, não há por que enrolar. Já está tudo planejado!


Dark não é aquela série cheia de ação e momentos frenéticos, mas é carregado de mistério, boa trama e personagens intrigantes. Fora os momentos de colocar teu cérebro para funcionar, arrisco dizer "Dark é top três, senão a melhor série da Netflix".


Se acha que consegue lidar com toda esse suspense, reviravoltas e acontecimentos marcantes ela é pra você. O início pode parecer ruim, mas é devido a confusão necessária em seu começo, e não por ser ruim de fato. Aos poucos você vai descobrindo coisas, ligando os fatos e quando perceber estará tão imerso que formulará teorias e mais teorias na cabeça.


Tenha paciência. Tudo será respondido a seu tempo (olha o trocadilho com a série). Agora vai lá, dê uma chance se esse é seu perfil. Fique desgraçado da cabeça também e volte para me culpar pelo seu novo vício nos comentários.




~ Tenho mesmo de esperar 1 ano para terceira temporada? Sério? Isso é triste. Bem triste, na real~



Comments


  • instagram
  • linkedin

©2019 by Cine Resenha. Proudly created with Wix.com

bottom of page