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Creed II - Crítica

  • Foto do escritor: Arthur Renan
    Arthur Renan
  • 14 de mar. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de jun. de 2019


Creed vs Drago

Do diretor Steven Caple Jr. e escrito por Sylvester Stallone, "Creed II" segue contando a história do jovem Adonis Creed (Michael B. Jordan) após conseguir se provar e provar ao mundo que é tão bom quanto seu pai no filme anterior.


Creed II revela de cara quão difícil é chegar ao topo, mas se manter nele é pior ainda. Reconhecer que vários "heróis" já se passaram por essas terras, porém são raramente memoráveis. Caindo facilmente no esquecimento após seus momentos de gloria e ascensão.


Enquanto o primeiro filme mostra a situação de Adonis ser uma sombra de seu pai, no segundo o coloca na situação de se tornar pai e detentor do cinturão. Como isso implica na sua vida e daqueles que o cercam.


Começando pelas músicas, podemos apontar a empolgação da trilha certa. Embebido de muito hip-hop, Creed II lhe faz ter vontade de pular da cadeira, correr por aí qual um cachorro louco, bater num saco de pancada e entrar numa academia de crossfit. Todos os momentos que a trilha sobe é muito boa, mesmo em conversas simples.

A fotografia e cenários também são excelentes. Tanto a montagem dos subúrbios americanos quanto, brevemente, dos russos é bonito demais. Há uma cena onde Ivan Drago (Dolph Lundgren) treina seu filho no meio do gueto russo com a neve, bem fina, caindo.

Essa cena não só revela muito do relacionamento pai e filho, como sintoniza bem o espectador a qual mundo os personagens se encontram. Tudo graças a essa fotografia absurda de se ver.


Falando de relações, outro ponto forte é justamente essa. Quando um personagem interage com o outro, por mais diversificado que sejam as conversas, é sempre acrescentador para trama. Não há diálogo perdidos. Dá para perceber certinho como os personagens se veem e pensam um do outro. Em outras ocasiões nada é dito, mas a maneira como se portam diz tudo.


Se acha que estou enaltecendo demais o filme, repare bem nas questões técnicas. Enquadramentos, cortes, sons... por falar em sonorização, um detalhe muito legal foi o som de soco dado ao Viktor Drago (Florian Munteanu). Quando os outros personagens do filme dão um soco, o som é considerado normal. Já quando o Viktor acerta um soco, o som é mais alto, seco, pesado. Dando a sensação de maior potência em seus golpes.


Aproveitando o gancho (olha o trocadilho), Ivan Drago é mostrado como um personagem amargurado, preso no passado e opressor de seu filho. Já Viktor Drago está preso nos sonhos do pai, batalhando para reconquistar o status de Ivan e a atenção de sua mãe, que os abandonou após seu pai perder a luta para Rock (Sylvester Stallone) em "Rock 4".


O desenvolvimento desses dois personagens é bonito e mostrado gradualmente, sem deixar forçado suas motivações. Um outro detalhe é a relutância de Viktor Drago ao lutar. Certo momento dá a entender o fato dele lutar puramente pelos desejos do pai, apesar de ser muito bom. Em outros momentos parecer apreciar toda sensação que o ring pode trazer.


Sem dúvidas a interação Rock e Creed é a melhor coisa do filme, apesar das cenas de ação também estarem no páreo. A química entre os dois atores fora das câmeras deve ser muito boa para transparecer tão bem assim nas telas. Em Creed, você vê o filho que o Rock desejava ter. Em Rock, o pai que Creed precisa ter.


No final das contas, Creed II é sobre relações entre pessoas. Tessa Thompson, par romântico de Michael B. Jordan, não é uma mera pessoa ali pra dar romance ao filme. Ela é quase o pilar para a maior pergunta de Adonis Creed: por quem eu luto? Sem ela, ele não acha esse Norte. Sem ela, ele não evoluiria como personagem. Se quer, seria campeão.


O único ponto negativo é justamente o gênio infantil de Adonis Creed. Se não fosse por esse temperamento e infantilidade, talvez metade dos questionamentos e acontecimentos no filme fossem superados com mais facilidade ou nem aconteceriam.

Também temos a famosa bondade extrema do Rock. Sua paciência e vocação para abraçar indivíduos “problemáticos” não tem fim. Isso cansa um pouco no decorrer do longa. Lembro de estar assistindo e pensando “eu já tinha mandado esse moleque para aquele lugar”. Mas fazer o quê? O Rock é o Rock.


Creed II não só é um bom filme de ação, com coreografia de luta muito assertiva e cenas empolgantes, como também é um drama excelente sem ser dramalhão. Isso é um ponto raramente acertado, fazendo por merecer mais uma continuação dessa história.




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